<strong>Por que decidimos ser pais?</strong>
Helio e Tonanni

Por que decidimos ser pais?

Essa é uma história interessante, porque o desejo de ser pai não partiu de nós, mas sim do Hélio! Quando eu o conheci, logo de cara ele deixou claro seu desejo de ser pai, e pra mim essa era uma realidade muito distante, já que eu tinha outras coisas pra me concentrar e não queria dividir a atenção das minhas tarefas do dia a dia com uma responsabilidade tão grande como essa.

Pensei que com o tempo, ele desistiria dessa ideia e seguiríamos invictos! Como vcs já sabem, eu falhei nessa hehehe, pois com o passar dos anos, esse desejo se potencializou no coração dele. Minha curiosidade em entender o porquê dessa vontade, me despertou também o interesse em saber mais sobre como um casal gay poderia ter filhos no Brasil.

Apesar da pouca informação, pude aprender algumas coisas e ver o mundo da paternidade com outros olhos. E claro, tirei algumas conclusões disso!

Influência familiar:

É um fato que o contexto familiar a qual estamos inseridos, nos influencia a tomar algumas decisões em nossa vida adulta. Isso porque o primeiro ambiente social que frequentamos é a nossa casa, sendo assim, nossos primeiros educadores são nossos pais, e por consequência, aderimos muitos dos comportamentos deles.

Maioria das vezes, a vontade de constituir família também é um hábito proveniente de nosso ambiente familiar, pois reproduzimos àquilo que crescemos vendo. Então “querer ter filhos”, provavelmente é o desejo de toda pessoa que cresceu num ambiente familiar estável. 

Atual conceito de família:

Apesar de haver várias configurações familiares, ainda há apenas um conceito de família instituído pela sociedade em que vivemos, que é a famosa “família tradicional”, uma configuração formada por mulher e homem, sendo mãe e pai.

Entretanto, sabemos que nos dias de hoje, essa não é uma verdade absoluta, já que temos diferentes tipos de casais que PODEM ter filhos, e consequentemente constituir sua família.

Independentemente da configuração ou do método, família deve ser um ambiente constituído por laços de amor, e não necessariamente, de sangue.

Precisamos normalizar a família LGBT:

Sabemos que ainda hoje, há muito preconceitos destilados sob os casais gays, e principalmente casais gays com filhos, tanto que são poucos os casais homossexuais que você vê com filhos por aí. Isso porque as informações são escassas e as referências também.

Muitas pessoas nem sabem que podem ter filhos, por isso, as informações devem ser propagadas a todos. E o respeito para com famílias LGBT, deve ser colocado em primeiro lugar.

Concluindo…

Todos esses pontos, nos influenciam a querer ser pais ou não! O fato de poucos gays terem filhos, reflete a insegurança dessa classe em expressar suas vontades e desejos familiares. No meu caso, eu simplesmente tinha outras prioridades. Mas com o tempo, fui desenvolvendo o mesmo amor que o Hélio tinha sobre este assunto.

Embarcando no sonho dele, é que descobri que também era o meu! (Acho que isso é ser uma família). É engraçado pensar assim, porque nos tornamos uma família bem antes de descobrirmos que teríamos um filho.

Nos tornamos uma família quando eu abandonei meus tabus pra buscar entender e compartilhar do sonho do Hélio, e se pararmos pra pensar, este é o real conceito de família: apoiarmos uns aos outros e se precisar, embarcarmos na loucura uns dos outros.

Enfim, hoje já não me vejo sem um filho! E espero que este relato tenha inspirado vc a embarcar em seu sonho também. 💙

nov 26, 2022
Andre Tonanni
Autor do blog, Tonanni é empresário do mercado de eventos, artista, cantor e pianista. Dedica seu tempo livre à família e a encorajar casais LGBT+ a seguirem o caminho da paternidade Instagram: @tonanni e @2papais
<strong>ESTAMOS GRÁVIDOS!</strong>
Helio e Tonanni

ESTAMOS GRÁVIDOS!

Revelação da nossa gravidez.

Oi, pessoal!

Para você que é novo por aqui, primeiramente seja bem-vindo! Mas, para você que já é de casa, temos uma mega novidade: finalmente conseguimos ter o nosso primeiro filho. Sim! Por meio do método de FIV que tanto falamos por aqui, e claro, com o auxílio da Barriga Solidária. Mas antes de tudo, vou contextualizar um pouquinho sobre nossa história para que todos entendam a importância dessa notícia.

Inicialmente, a ideia de ser pai surgiu do Helio, já que construir uma família sempre foi um desejo dele. Em contrapartida, eu não pensava que isso seria possível, pois enxergava muitas barreiras na paternidade, entre elas, a dificuldade de realizar tarefas corriqueiras do dia a dia. Na minha cabeça, ter um bebê ia me impedir de fazer coisas que eu não abriria mão, como viagens, baladas e até mesmo minha profissão, já que sou artista. Como eu estava errado! hehe

Como percebi que ter uma família era muito importante para o Helio, busquei entender o que era a paternidade e quais as possibilidades que nós – um casal gays – tínhamos aqui no Brasil. De cara, fiquei surpreso com as muitas coisas que não chegam até nós, informações preciosíssimas que não nos são passadas, como: “casais gays PODEM ser pais, e aqui no Brasil.” Com as coisas que li e vi, pude entender a perspectiva de família que o Helio tinha e percebi que um filho ou filha, na verdade não seria um empecilho, e sim, viria para somar. Foi então que decidi entrar nessa jornada junto com ele.

Quando optamos pelo método de Fertilização in Vitro, buscamos saber tudo que precisávamos e por onde começaríamos. E devo confessar que fomos surpreendidos com a falta de informação que temos quando o assunto é “Reprodução Assistida para Gays no Brasil”, pois é muito raro vermos casais gays sendo pais aqui, principalmente por acharem que é impossível ou que é necessário realizar o procedimento no exterior, fora todo o preconceito envolvido e os comentários desagradáveis que ouvimos. Entendo as inseguranças, e compreendo ainda mais pelo fato de termos encontrado muita dificuldade em nossa jornada.

Veja, foram 3 anos de tentativas e muitas frustrações! Em maioria de nossas transferências de embrião, tivemos abortos espontâneos que doeram demais. Em determinado momento da jornada, me vi desamparado e decepcionado com o que àquele sonho havia se tornado em nossas vidas. Foi nessa zona de caos, que tive a ideia de criar o Projeto 2 Papais, com o propósito de ajudar outros casais com o mesmo desejo, a encurtarem seu processo e evitarem toda a dor de cabeça que estávamos passando. Minha maior vontade com a página, o blog e o canal 2 Papais, era fazer com que os casais gays tivessem toda a informação que nós não tínhamos no início dessa jornada. 

À medida que instruía outros casais, e que os inspirava com histórias de sucesso de outros pais gays, me sentia renovado para continuar nossa trajetória como uma futura família, e isso me fortalecia. Até que depois de muitas lágrimas, finalmente chegou nossa vez de sorrir e podemos dizer: SOMOS 2 PAPAIS! Com o auxílio de muitos profissionais, doadoras e com o apoio de pessoas queridas, conseguimos celebrar esse momento tão especial para nós.

Mais do que nunca, vamos compartilhar momentos de nossa história com vocês, para que saibam que: quando sonhamos forte, até o que parece impossível se torna possível! Então #força. Se vc não sabe por onde começar e também quer realizar o sonho da paternidade, assista nossa palestra pra ter ter todas as informações (cadastre-se aqui).

Confira o making of da revelação de nossa gravidez abaixo:

out 01, 2022
Andre Tonanni
Autor do blog, Tonanni é empresário do mercado de eventos, artista, cantor e pianista. Dedica seu tempo livre à família e a encorajar casais LGBT+ a seguirem o caminho da paternidade Instagram: @tonanni e @2papais
Doadora de Óvulos.
Quero Ser Pai

Doadora de Óvulos.

Tudo que você precisa saber.

Poucas pessoas sabem disso, mas ao definir a Doadora de Óvulos em um processo de FIV (Fertilização in Vitro), é possível escolher algumas características físicas desejadas pelo casal.

Como isso funciona?

Quando um casal opta por ter um bebê através dos métodos de Reprodução Assistida, dependendo do caso, se faz necessária a Doadora de Óvulos, uma mulher que literalmente, doará parte de seus óvulos para os futuros papais.

De modo geral, o processo é assim…

A doadora passa por um acompanhamento médico periódico, que tem como principal objetivo estimular a produção e a liberação ovariana, por intermédio da ingestão de hormônios específicos, que auxiliarão no crescimento e desenvolvimento ideal dos óvulos cativados.

Após este preparo, quando os óvulos estiverem prontos para serem retirados, o médico responsável fará a coleta e armazenará o material até o momento de seu manuseio correto, mantendo-o na incubadora a uma temperatura específica.

No momento da fertilização, os óvulos previamente preparados, são colocados em uma placa de cultura e fertilizados com os espermatozoides selecionados anteriormente, sendo um esperma para cada óvulo, portanto, ambos os materiais devem ser bem manuseados.

Quando o espermatozoide é colocado em contato com o óvulo, ele fecunda e passa a ser um embrião. O embrião pronto, é então transferido para o útero e assim se dá início a gravidez.

Mas quem pode ser a Doadora de Óvulos?

Como já sabemos, quem determina questões como essa, é o Concelho Federal de Medicina, que em 2021 estabeleceu que qualquer mulher entre 18 e 37 anos poderia ser Doadora de Óvulos, desde que não tivesse nenhum tipo de alterações genética que pudesse comprometer a saúde da receptora, ou seja, da Barriga Solidária (clique aqui pra ler mais sobre a Barriga Solidária).

Portanto, toda mulher que atende a este pré-requisito pode doar, mas precisa passar por alguns exames médicos obrigatórios, como:

  • Avaliação física
  • Avaliação psicológica
  • Avaliação ginecológica
  • Exames sorológicos
  • Entre outros

O objetivo de toda essa análise é descartar qualquer presença de cistos e miomas que possam comprometer a qualidade do processo de fertilização, além de garantir a ausência de doenças como o HIV, a Hepatite, Zika Vírus e agora, a COVID-19.  

É importante ressaltar que a mulher que doa, recebe todo o apoio médico durante essas avaliações e só é liberada para doar com a plena certeza do doutor que a acompanhou durante os exames, prezando sempre pela integridade das partes envolvidas na fertilização.

Ah! Após a liberação médica, a mulher doadora passa por uma entrevista com especialistas da clínica, para checar todo seu histórico de saúde familiar, buscando constatar a ausência de alguma patologia hereditária que possa influenciar, mesmo que de forma indireta, a vida da criança no futuro. 

Todas as informações médicas e familiares, bem como as características físicas da doadora, são colocadas em uma ficha com amplos detalhes, porém mantendo sua identidade sempre anônima, conforme a orientação do CFM.  

Contextualizando os papais…

Os futuros papais que estão em busca de uma doadora, sejam casais hetero ou gay, recebem algumas fichas da clínica especializada em fertilização, com diferentes doadoras e consequentemente, diferentes características.

Com as informações em mãos, os papais podem avaliar conforme suas preferências e escolher sua doadora ideal, considerando características físicas, psicológicas e familiares dessa doadora, já que seus gametas e sua genética estarão presentes no bebê.

Dessa maneira, os casais podem optar por atributos genéticos que mais se assemelham consigo, prezando por um bebê ainda mais parecido com os pais, mediante as características da doadora. Legal, né?

Assista o vídeo abaixo e entenda mais sobre o assunto:

Fontes:

Projeto BETA – Doação de óvulos e embriões no Brasil.

Salomão Zoppi – Fertilização in Vitro: entenda o que é e como funciona uma das técnicas de reprodução assistida.

set 21, 2022
Andre Tonanni
Autor do blog, Tonanni é empresário do mercado de eventos, artista, cantor e pianista. Dedica seu tempo livre à família e a encorajar casais LGBT+ a seguirem o caminho da paternidade Instagram: @tonanni e @2papais
Saúde Mental LGBTQIA+
Universo LGBT+

Saúde Mental LGBTQIA+

Represálias sob a construção da comunidade: um papo sincero.

#setembroamarelo

Homossexuais protestam contra perseguição sistemática promovida por policiais.
Sexualidade aumentava brutalidade das sessões de tortura durante a ditadura.
Inclusão de LGBT’s no relatório da comissão foi vista como vitória por especialistas e militantes.

Notícias como essas eram comuns em noticiários antigos, e isso nem faz tanto tempo assim. Mas, você já percebeu que ainda hoje vemos manchetes semelhantes?

Notícia de setembro de 2022.

Matérias como essa, nos faz pensar: será que estamos regredindo ou progredindo na luta por nossos direitos? A verdade é que tanto antigamente, quanto hoje, a comunidade LGBTQIA+ se divide em dois pilares.

  • Gays assumidos e que lutam por seus direitos de forma direta ou indireta.
  • E gays não assumidos, que como dizem “estão no armário”.

Infelizmente, o fato é que a comunidade gay se desenvolveu sob um regime opressor, que considerava a homossexualidade uma doença – quem nunca ouviu falar em cura gay, né? – e que recorria, literalmente, a torturas físicas sem displicência.

Existiu uma prática chamada “higienização”, que levou cerca de 1,5 mil pessoas presas por serem gays, isso somente na cidade de São Paulo, fora os casos de espancamento, extorsões e até mesmo assassinato. Ah! Ainda houveram pessoas afastadas ou demitidas de seus cargos porque “não pegava bem pra firma”. Dá para acreditar nisso?

Esses são apenas alguns motivos, pelo qual gays omitiam sua sexualidade e optavam por viver uma vida totalmente desconectada de quem realmente eram. E é pra menos? Imagina viver com medo, inseguro e sem saber o que vai acontecer se alguém descobrir que você é gay? Infelizmente essa é a realidade de muita gente até hoje…

Muitas pessoas escondem sua sexualidade por medo da aceitação da família, dos amigos, da sociedade e até de si mesmo. Foi tanto preconceito instituído, que as afirmações e rótulos sobre a comunidade LGBTQIA+ acabaram se parecendo verdade, e essas pessoas escolheram viver uma vida absolutamente teatral e fantasiosamente “confortável”.

Mas, viemos te dizer uma coisa: esse é um lugar de angústia, vulnerabilidade, dor, sofrimento e o primeiro passo para danos maiores, como a depressão e a ansiedade.

Muito se fala sobre esses dois termos, mas pouco se pratica a empatia para com as pessoas diariamente, principalmente quando falamos de gays, lésbicas, trans… O fato é que é muito fácil falar sobre saúde mental, mas parece difícil praticá-la em si e em prol dos outros.

Por isso, vamos falar sobre alguns termos extremamente ofensivos em uma conversa com uma pessoa gay:

“Não precisa andar de mãos dadas”

“Ah! Mas eu também não gosto de ver casais héteros se beijando”

“Você é gay? Deve entender muito de moda, né?”

“Quem é a mulher da relação”

“Vocês são só amigos?”

“Ah! Mas andar na rua está perigoso pra todo mundo…”

Bem, vamos lá! Tudo isso não passa de preconceito e estereótipo. Mas, entendemos que muitas pessoas têm pensamentos preconceituosos porque foram instituídos de maneira implícita pela sociedade, e assumem um comportamento sem a real intenção de ofender. Ok! Mas ofende. E só quem já passou por momentos desagradáveis como os citados acima, entende a carga que esses comentários têm sobre a vida de quem é gay.

E cá entre nós! O processo em que vivemos hoje, é a construção de um novo diálogo mútuo, então à medida que a comunidade gay luta para exercer seus direitos, quem está do outro lado deve ter o mínimo de interesse para estudar, procurar entender e deixar de ser desagradável em circunstâncias como essas.

Ei, hétero! Vamos exercer a empatia?

Busque se colocar no lugar do outro:

“Eu cresci envolto por uma sociedade que simplesmente odeia quem eu sou, minha forma de vestir, falar, pensar e amar. Por medo de ser rejeitado, eu optei por não contar para ninguém quem eu realmente sou e prefiro fingir que sou como qualquer outro, àqueles considerados “normais”. No local onde eu trabalho/estudo, é comum ouvir alguém ser coagido pelo fato de ser gay, por isso, acredito que a melhor saída é levar uma vida “comum” e evitar falar sobre este assunto.”

Viu como não é fácil? Então, pra quê complicar a vida de alguém com ideias e pensamentos nitidamente errados? Vamos ser mais empáticos e acolhedores!

Setembro amarelo:

É um mês para falar sobre saúde mental, e achamos importante ressaltar que a saúde mental é necessária para TODOS.

Para finalizar nosso papo, separamos um trecho de uma música muito famosa para ressaltar que “Gay também é gente”.

Abra sua mente

Gay também é gente

Baiano fala oxente

E come vatapá

Você pode ser gótico

Ser punk ou skinhead

Tem gay que é Mohamed

Tentando camuflar

Faça bem a barba

Arranque seu bigode

Gaúcho também pode

Não tem que disfarçar

(Mamonas Assassinas)

set 08, 2022
Andre Tonanni
Autor do blog, Tonanni é empresário do mercado de eventos, artista, cantor e pianista. Dedica seu tempo livre à família e a encorajar casais LGBT+ a seguirem o caminho da paternidade Instagram: @tonanni e @2papais